Pela primeira vez participei no Braga Plogging, ação dinamizada peloBraga para Todos. O objetivo é simples: recolher todas as beatas de tabaco que se encontrem pelo caminho. 

Durante todos os sábados de Agosto, o ponto de encontro é no espaço Soul, ás 18h. De ação para ação, os trajetos vão variando. É fornecido material aos participantes de forma a que recolham o lixo de forma eficaz e segura. 

Segundo o conceito original, o plogging envolve corrida enquanto se apanha o lixo. No entanto, no Braga Plogging apenas se anda num passo acelarado! Acreditem que já é exercício físico suficiente!

No último sábado, o objetivo foi limpar a zona desde o Espaço Soul, passando pela Avenida da Liberdade, até ao Parque da Ponte!

No total, apenas foram feitos pouco mais de 2,6km. No entanto, foram o suficiente para, em menos de 2 horas, recolhermos milhares de beatas e vários sacos de lixo 

Recolhemos lixo em duas das avenidas principais da cidade – as quais são limpas diariamente (e, talvez, várias vezes ao dia). O que é que isto significa? 

Milhares de transeuntes não estão a respeitar um principio básico da cidadania: não deitar lixo ao chão! Quais serão os motivos? Falta de consciência e conhecimento? Distração? Hábitos culturais? Sejam quais forem, não são justificáveis.

Posso dizer que a maior densidade de beatas encontrava-se (paradoxalmente) junto a árvores, grelhas de esgotos e caixotes do lixo. Quanto ao restante lixo encontrado, encontrámos embalagens e outros artigos de plástico de toda a espécie! Inclusivamente objetos tão caricatos como … aplicadores de fios dentários! 

Ora, se milhares de beatas de cigarro foram apanhadas em menos de 2 horas num percurso tão reduzido … Multipliquem este número por todas as ruas da cidade de Braga. Juntem os números, incalculáveis, à escala nacional … e mundial! Não podemos ficar simplesmente de braços cruzados perante esta situação. 

Cada vez mais estudos concluem que as beatas de cigarro são uma das maiores fontes de poluição dos oceanos! Este material não é biodegradável e é altamente poluente. Sabiam que compostos perigosos como o arsénio e o chumbo acabam por entrar diretamente na nossa cadeia alimentar?

Por outro lado, também já há esperança, numa ótica de economia circular. Sabias que atualmente já há formas de dar uma reutilizar as beatas de cigarro? Já é possível transformá-las em materiais de construção como, por exemplo, tijolos! É uma forma de valorizar estes resíduos e, por isso, estas ações de limpeza fazem ainda mais sentido! 

A sensibilização da comunidade para esta situação é muito importante. Durante a ação várias pessoas falavam connosco e ficavam igualmente escandalizadas com a quantidade de lixo que estávamos a recolher.  

Afinal, quais são as soluções?

mudança tem de começar urgentemente por cada um de nós. Acredito que cada pessoa responsável por cada beata que nós apanhámos não tivesse a intenção consciente de estar a prejudicar gravemente a saúde pública e o ambiente.

Muitas vezes podem pensar que “não vai fazer a diferença”. Mas o problema é que biliões de pessoas têm esse tipo de pensamento, à volta do globo, a todos os instantes!

Se não fumas, podes achar que esta situação não é dirigida a ti uma vez que não és um dos responsáveis. O problema é que estamos todos “no mesmo barco”. E já estamos todos a ser prejudicados diretamente! Quando vires pessoas a deitar beatas para o chão, podes alertá-las para o que estão a fazer. Se não te sentes à vontade para fazer isso, podes juntar-te a este tipo de iniciativas (existem por todo o país)! Se não tens disponibilidade ou possibilidades de participar, podes partilhar e divulgar estas ações e informações! Podemos SEMPRE fazer alguma coisa!

No entanto, não creio que este tipo de ações seja a solução total para o problema! Há muito mais a fazer! Muitas vezes as verdadeiras mudanças vêm em consequência de alterações sérias da legislação e, consequentemente, verdadeira fiscalização penalização deste tipo de situações (vejamos o exemplo de outros países como, por exemplo, Suiça).

Uma das principais soluções passa por, obviamente, reduzir o consumo de tabaco! Só há lixo porque o produzimos, certo? Mesmo que as beatas sejam colocadas no lixo comum, haverá sempre uma gigante pegada ambiental associada (começando logo pela produção de tabaco). Mesmo que se descubra uma forma de tornar os filtros mais ecológicos, no final de contas serão sempre lixo.

Parece-me que todas estas soluções vão ocorrer de forma demasiado lenta e/ou gradual … e não à velocidade que necessitamos. O planeta tem urgência! E todos podemos fazer algo! Sejamos fumadores ou não.

P.S.: Se vives em Braga, junta-te a nós no dia 24/08! Lê mais sobre esta iniciativa, em notícias da impresa, aqui

Por uma Vida ECOnsciente,

Filipa Gouveia